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CONTOS ... mas NÃO DO VIGÁRIO!
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  COM O APROXIMAR DA ÉPOCA FESTIVA PORQUE NÃO UM ou DOIS CONTOS DA ÉPOCA???

  AQUI FICAM ELES ... OU ELE ...

 

 

Luís Campos (1942 – 2000)

 

Luís da Silva Campos professor do Instituto Superior de Agronomia, especialista em bioquímica e enólogo, pianista e pintor é também escritor policial. Com o pseudónimo Frank Gold publica 6 livros entre 1965 e 1982 e na década de oitenta começa a assinar os livros com Luís Campos. Na sua obra literária destaca-se: O Estripador de Lisboa escrito em 1984 mas com descrições coincidentes com o caso real do início da década de 90; e Eu, Ross Pynn (1986), uma homenagem ao autor policiário Ross Pynn (Rossado Pinto), que considera Luís Campos o Nº1 do policial português.

 

 

A ÁRVORE DE NATAL DE BARNEY O ALDRABÃO,

por FRANK GOLD

John B. de Sousa, filho de açorianos, de quem se dizia que uma baleia lhe tinha levado uma perna, subiu ao estrado na sua vez. A John B., personagem lendária de todos os portos da Costa Oeste, tanto havia quem chamasse o "Perna de Pau", como "Capitão Gancho" ou "Olho de Vidro". Na realidade, qualquer das alcunhas se lhe ajustava. Se acrescentarmos que também usava duas costelas de plástico, uma orelha de borracha, metade dos dentes em marfim e a outra metade em ouro maciço, e um nariz bem torneado que substituía com vantagem o anterior, fica o leitor com uma ideia que corresponde à realidade: que o "Perna de Pau", não constituindo o que geralmente se considera um belo exemplar, era contudo um homem diferente na verdadeira acepção da palavra. Após exibir um sorriso nervoso, construído a partir das pregas da cara que um cirurgião lhe preparara com arte, Jonh B. tossiu e, logo que Barney lhe fez sinal, entrou a declamar:

  Aquele Natal de lata

  Foi o melhor dos Natais

  De todos os Natais que eu tive

  E todos os Natais de nata

  Nunca foram tão Natais

  Como esse Natal de lata

  O mais belo dos Natais

  Um Natal que foi de prata.

 

  A malta esperava mais e não apaludiu logo. Foi preciso que Barney se levantasse e fizesse um gesto para que as palmas reboassem na sala, com berros de  "Viva o Perna de Pau", "O John B. é que sabe!", "Não há pai pr'ó John B.!", tudo isto sublinhado com assobios e patadas de entusiasmo. Só quando Barney o Aldrabão, que era o presidente da comissão organizadora da festa de Natal dos reclusos, resolveu subir ao palco e com largos gestos exigiu silêncio, é que a rapaziada se acalmou. A seu lado, o "Capitão Gancho" era o retrato do alívio e do contentamento, sem saber no entanto o que havia de fazer ao papel que empunhava na mão na mão esquerda, até que para gáudio do público que enchia o refeitório acabou por espetá-lo na ponta de aço que lhe saía da outra manga. 

  - Meus senhores - começou Barney. Ia fazer o elogio do participante, porém achou melhor aguardar que o Benny Coca, lá no fundo, se apeasse de cima da mesa. - Meus amigos - recomeçou. Compôs ainda a rosa branca na botoeira, e aconchegou a gravata. - Senhor director e caros colegas ...

  "Colegas são as putas", gritou um novato junto aos espaldares, mas o Lorde, que estava ao pé dele, arreou-lhe na cabeça com o cabo de uma faca.

  - Isto que acabais de ouvir foi um lindo poema do nosso bom amigo John B.

  O visado encolheu-se todo num sorriso de vaidade envergonhada. " O Perna de Pau é o maior!", lançou o Mesinha de Cabeceira.

  - Os poetas - considerou Barney, na sequência - deixam-me geralmente desconfiado.

  "Apoiado!", ouviu-se de vários lados. O orador prosseguiu:

  - ... porque, como dizia um professor meu amigo, ou pretendem fazer rima, ou então parece que estão a gozar connosco.

  "Malandros!", confirmou o Du Maurier, Barney recebia de Johnny Du Maurier a primeira manifestação de reconciliação desde que, três semanas antes, lhe ia dando cabo da irmã com uma sova que ficaria célebre. A irmã de Johnny era nem mais nem menos que Beverly " Aquele Anjo", e a tareia fora por engano.

  - Mas aqui o John B. - continuou com ênfase - é um poeta que não faz nem uma coisa nem outra. Diz coisas bonitas, e quem não gostar daquilo que ele escreve, é porque não tem nada lá dentro.

  Mais aplausos.

  - Alguém tem alguma coisa a objectar?

  A forma como a questão era posta não favorecia o curto diálogo que se vinha travando após cada número, mas mesmo assim houve alguém que arriscou, de dedo no ar.

  - O que é um Natal de lata?

  Barney encarou furioso o autor da intervenção, porém o "Perna de Pau" foi pronto na resposta.

  - Foi o único Natal em que eu tive um presente, quando era miúdo, um carro de corda.

  Barney suspirou de alívio, mas já o mesmo tipo queria saber.

  - E o que é um Natal de nata?

  - É um Natal recheado de bolos e de gente que não interessa - explicou John B., seguro de si.

  - Okay - falou Barney depois das palmas. - E quem fizer mais perguntas vai para o olho da rua. Algum candidato?

  Ninguém se opôs, e a festa prosseguiu, agora com os "Anjos Musicais" a instalarem no palco a poderosa aparelhagem sonora que Barney, o seu patrono, obtivera para a cadeia através de um subsídio do governador.

  Daí a momentos o director da prisão levantava-se, porque como já explicara à comissão organizadora (Barney o Aldrabão, Lorde, Fantômas e o Falinhas Mansas), tinha de sair mais cedo para ir fazer a consoada com a mulher e a filha a casa dos pais, distante no campo a uns trezentos quilómetros dali. A filha do director, Linda, era uma miúda tão boa, no que aliás rivalizava com a mãe, que o Lorde chegara a alvitrar e a insistir que a comissão não dispensaria o director, o sub-director e respectivas famílias, mas desinteressara-se logo que Barney decidiu que o "Projecto Natal" iria para a frente.

  - Obrigado a todos - agradeceu o director. E para Barney: - insiste em decorar a árvore naquele local?

  Barney já lhe explicara porque a comissão resolvera erguer nesse sítio o enorme pinheiro - vinte metros de altura, chegado há dois dias da Califórnia, por caminho de ferro, notícia do "Chronicle" da cidade, e obtido por subscrição pública organizada a partir do jornal de parede da prisão, com o patrocínio da rádio e tv, a qual em dez dias ultrapassava cinco vezes os 10.000 dólares que custara a operação. "A árvore de Natal mais cara do mundo", noticiara a Rádio Vaticano, acrescentando que um presépio vivo das dimensões equivalentes acompanharia a iniciativa. Só que à última hora o Mesinha de Cabeceira" (um metro e quarenta e oito, cento e doze quilos), alegara alergia e recusara terminantemente deitar-se na palha para fazer de Menino Jesus, pelo que o presépio acabara por não haver.

  - O senhor director já viu a que distância se vêem as luzes? - inquiriu Barney, paciente.  

  - Os holofotes que você instalou?. Da cidade já se vê o clarão.

  - Ora aí tem. Vá descansado, senhor director - tranquilizou-o Barney com uma palmadinha no ombro.

  - Amanhã vai ter uma surpresa.

  O director levou a mão ao peito.

  - Não, Barney, por favor ... mais surpresas não.

  Apesar de tudo confiava em Barney, ao ponto de ter aceite que a árvore de Natal da prisão fosse erguida entre o fosso e o muro, o que obrigara a construir uma ponte levadiça. "Para ser vista num raio de vinte quilómetros", explicara o autor da ideia, apoiado pelos outros. O director cedera, mas o que iria dizer o governador, quando viesse para o jantar do dia seguinte?, por outro lado este tomara-se "tu cá tu lá" com Barney, desde o caso da recuperação de Benny Coca, e por isso não deveria de haver novidades.

  - Portem-se bem - despediu-se para a rapaziada.

  . Até amanhã senhor director! Bom Natal - gritaram a uma só voz, até parecia que estavam ensaiados.

  Os "Anjos Musicais" entravam no palco, e a festa organizada pelo  reclusos  do bloco "A" para todos os presos ia ser o maior êxito de sempre. A cadeia de televisão "NKBC" só não estava presente porque a lei o não permitia, mas a rádio transmitiria no dia seguinte. Um sucesso.

  Logo que o director saiu, a comissão reuniu-se, "vamos a isto" anunciou Barney, - sempre é o guarda Sylvester quem está na torre leste?

  - Claro - confirmou Lorde - bastou lançar que o nosso banquete de amanhã era alargado aos guardas de serviço esta noite.

  - E quem vai de Pai Natal, para começar?

  - O Fantômas, o Du Maurier e o parceiro que fará o regresso tantas vezes quantas as precisas.

  - Arranjaram quatro fardas?

  - Quatro -  

 

 

 

UM NATAL DE SONHO OU UM SONHO DE NATAL ....

Por A. B. Rotea

   Augusto, vamos chamá-lo assim, sempre foi conhecido por ser "o campeão do bairro", já em puto era chamado "o terror das criancinhas", chupa-chupas e gelados (aqueles geladinhos caseiros de palitos), isso era com ele, não falhava nem um.

  A dois meses do Natal, Augusto passou por uma aldeia, parada no tempo, andrajoso e com fome, poucos ou mesmo nenhum habitante lhe dirigiu a palavra. A rústica aldeia, com pouco mais de cem habitantes, voltava-lhe as costas, nada a que Augusto não estivesse habituado.

  Descobriu uma velha pensão, velha em todos os sentidos, coberta por ervas que com o tempo foram crescendo, e tapando a casa de alto a baixo.

  Augusto entrou, e com a sua voz delico-doce, falou para o recepcionista, ou o patrão, fosse quem fosse que estivesse atrás do balcão.

  - Bom dia, posso tomar um banho, comer uma refeição quente e descansar um pouco? Não tenho dinheiro, mas pago com o meu trabalho.

  O dono da velhinha pensão olha Augusto de alto a baixo e retorquiu: - O banho e um pratinho ainda vá que não vá, a dormida depois decidimos. Mas no entanto leve esta chave, fica no segundo andar, terceira porta a contar do fundo do corredor.

  Augusto, enquanto subia os degraus carcomidos pelo tempo, ia ouvindo aqueles que já viviam na pensão há muito tempo, o que ele viria a descobrir depois. Ao chegar ao patamar do primeiro andar, a música que se ouvia não era a da rádio nem da televisão, mas sim a de um bebé, que mesmo sem altifalantes dava para acordar um surdo. Mais lá para o fundo, aí sim, um rádio em altos berros, com as pimbalhadas do costume, talvez para abafar o choro da criança. Continuando a subir, Augusto ouve agora outros sons, uma velha, será que é mesmo?, faz uma berraria infernal a pedir um pequeno almoço decente, ainda Augusto não sabia o que isso era, mas para um esfomeado não existem pequenos almoços indecentes, muitos dias nem grandes almoços, quanto mais um pequeno. Chegado ao destino, ao fundo do corredor, Augusto enquanto se preparava para tomar banho, e Augusto só pedia a todos os santinhos que pelo menos a água estivesse quente, Augusto ouvia através das velhas paredes o som de uma velha pianola a tocar, quem a tocava tinha algumas noções, pois Augusto não era parvo de todo e reconheceu uma melodia de Liszt.

   - Ui! até que nem tocas mal, sibilava o nosso campeão, enquanto agradecia a todos os deuses e santinhos o banho quente e retemperador. Esquecendo-se apenas de um pequeno pormenor, ou talvez até não ...

  Augusto com o seu ar bonacheirão foi conquistando os restantes hóspedes e até o próprio dono da pensão, e como era de se esperar de um homem-dos-sete-ofícios, o nosso "menino" lá ia colocando uma lâmpada aqui, arranjando um tubo ali, desmontando uma fechadura acolá, e em troca tinha a paparoca, banho e dormida.

  Depois do jantar, contavam-se várias aventuras, Augusto sempre tinha uma ou duas na ponta da língua, mas religiosamente, onze e meia o mais tardar sumia, para só voltar a ser visto pelas dez da manhã do dia seguinte.

  Na casa ninguém sabia para onde ia, trabalhar? Só o próprio sabia, mas por mais que os seus novos amigos forçassem a pergunta, Augusto nunca se descosia.

  Durante o jantar falavam das suas esperanças, dos seus fracassos, de tudo o que a malvada vida lhes tinha levado ...

  A Aninhas, pianista não conseguira acabar o seu curso, assim ficou-se pela aldeia, onde várias noites de Inverno animava os restantes hóspedes. O vendedor de aspiradores, outro exemplo acabado de vida, pois nunca tinha conseguido vender nenhum aspirador. A Velha Senhora, Mariana de seu nome, tinha a mania das doenças, todos achavam que ela tinha mais doenças que medicamentos existentes nas farmácias, mas davam-lhe desconto, quem sabe por causa da sua idade avançada, ou porque era uma boa contadora de histórias, quando para aí estava virada. A Rosita com o seu bebé, tinha caído ali de pára-quedas, abandonada pelo namorado, o Ti'Zé, o homem do rádio, um acidente fabril levou-lhe a mão e o emprego, desempregado de longa duração ...

  Por fim o Ti'Jaquim, dono da pensão, com cara de mau mas um coração de ouro, pois todos os que habitavam o prédio na maior parte das vezes não tinham como pagar as contas, e o Ti'Jaquim lá ia aguentando o barco, não por muito tempo, porque o banco, as finanças e todos os outros tubarões já andavam a pegar com ele.

  Chegou a véspera de Natal, noite fria, Augusto ainda não tinha sido visto por nenhum dos hóspedes, nem na aldeia o tinham visto a passear como era habitual de manhã ou depois de almoço. Havia para a janta, um pouco mais bem composta pois a noite era para apagar tristezas, caldo verde, galinha do campo, e não podia faltar o bacalhau com todos, e de Augusto nada. Ti'Jaquim já tinha subido ao segundo andar várias vezes, mas o quarto c ontinuava vazio. A noite chegou e como Augusto não havia meio de aparecer começaram o repasto, sendo que a conversa entre todos era a do súbito desaparecimento do bonacheirão Augusto. As horas foram passando e depois do saboroso café feito pela Mariana e um bagacito caseiro surripiado sabe-se lá de que adega, ninguém dera pela entrada de um vulto furtivo. Continuavam a comentar e a dissertar sobre o que podia ter acontecido.

  Fugiu, teve um acidente, caiu a um poço, perdeu-se na serra, mil e uma hipóteses eram aventadas.

  Chegou a hora de todos se retirarem, e nada de Augusto, apenas um prato e a cadeira vazia esperavam por ele, mas os olhos de todos já começavam a fechar-se. O bebé, esse já fazia muito tempo que estava a dormir com os anjinhos. 

  O primeiro grito chegou da boca da Rosita, e logo todos aqueles que ainda não tinham aberto as portas, se abeiraram dela. Rosita com o grito acordara o bebé, mas quem ouviu acha que acordou foi toda a aldeia. 

  - Que foi isso mulher? - perguntou o Ti'Jaquim.

  Rosita levava as mãos ao peito e agradecia, soluçava, não de pânico mas sim de alegria.

  Está louca Ti'Jaquim - falou o Ti'Zé.

  Está sim - confirmava por sua vez o Manel.

  Não estou não, olhem ali para cima da cama por favor - lá disse Rosita a muito custo.

  De facto, e não era para menos todos ficaram de cara à banda. Em cima da cama, muitos pacotes de fraldas, leite com fartura, farinhas e tudo o mais que é necessário para um bebé. Havia ainda vários outros produtos para adulto, dois volumosos maços de notas e um envelope fechado, onde apenas se via escrito na parte da frente " PARA A ROSITA e SEU BEBÉ".

  Começaram a correr cada um para seu quarto, se a Rosita recebeu a visita do Pai Natal, porque não cada um deles também?. 

  Como Manel ficava no quarto em frente ao de Rosita foi o primeiro a abrr a porta, no meio da sua cama lá estava também um presente. Bacalhau, algumas bebidas, as notinhas e outro envelope.

  Ti'Zé correu, mais rápido que um foguete, ao ouvirem as suas gargalhadas, logo adivinharam que também tinha ganho um presente.

  Aninhas e Mariana subiram ao segundo andar, também eslas estupefactas com o momento que estavam a viver, Aninhas tinha um enorme aparelho electrónico em cima da cama, os dois maços de notas, mais o envelope com o seu nome. Para Mariana dois livros, "Plantas que curam" e " Alimentação Natural" juntando-se também o envelope e o dinheiro. Ti'Jaquim nem sabia o que dizer, ainda não tinha entrado no seu quarto, e quando o fez não tinha nada. O Papai Noel esquecera-se dele!

  Bem preciso de uma boa pinga - resmungava para os seus botões. 

  Os amigos tentavam animá-lo, e seguiram-no até ao salão de jantar. Quando entraram estranharam as luzes acesas, quando sabiam que Ti'Jaquim sempre as apagava, mas outra surpresa os aguardava. Nas mesas que ainda estavam juntas viam-se enormes cabazes cheios com frutas, carnes, doces, tudo e mais alguma coisa. O envelope no prato vazio que ainda esperava Augusto, faltava apenas o dinheiro ...

  Ti'Jaquim abriu o envelope e leu em voz alta:

  "Por esta hora já todos vocês deram pela minha falta, quero que todos vocês me perdoem, e apenas encontrei esta forma de os compensar pelo carinho e amizade com que me acolheram. Que todos vocês concretizem os vossos sonhos e sei que todos vão conseguir, em cada cesto desses o Ti'Jaquim encontrará um maço de notas, penso que chega para pagar todas as dívidas e acolher outro vagabundo como eu. Não os quero preocupados, de onde isso veio, eles não precisam, vocês sim. Espero que fiquem todos bem, abraços e beijos e UM FELIZ NATAL para todos."

  Só no dia 26 souberam pelos jornais o que realmente tinha acontecido, os títulos de primeira página traziam em enormes parangonas:

 

  FABULOSO ASSALTO A SUPER, SOLITÁRIO LEVA TODO O DINHEIRO DAS CAIXAS E AINDA SE ABASTECEU DE PRODUTOS, QUANDO O SUPERMERCADO ESTAVA PRESTES A FECHAR AS PORTAS. Desconhece-se a quantia que levou mas como era o fecho e na véspera de Natal a gerência confirma que pode ser um montante elevado.

 

 

 

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